Livres para amar
A oração deveria transformar as nossas vidas, transformá – las
para o amor, para a misericórdia, para a justiça, para caridade; mas nem sempre
isso acontece.
É normal ouvirmos dizer: Rezar para quê? Aquele (a) fulano (a)
vive rezando, não sai da igreja e é uma pessoa fria, egoísta, insensível, etc e
dizem, eu não quero saber de reza não, rezar para quê? Para ficar igual a eles (as)?
O que precisamos entender é que isto acontece não pelo fato
de rezarem e sim por que rezam mal e se são assim rezando imaginem como seriam
se não rezassem? Porém não podemos generalizar, não é com todos que acontece isso,
conhecemos muitas, várias pessoas que empreendem muitos esforços para superar
em Deus e com Deus esses pontos negativos de suas personalidades.
Sabemos também que essa mudança não acontece do dia para
noite, muito pelo contrário, é um processo extremamente lento. Caímos aqui
superamos ali e assim sucessivamente.
Qual a explicação para essa divisão bastante contraditória entre
oração e vida? Como explicar que pessoas que se dedicaram tanto a Deus
entregando – se com tanta devoção e Ele não as tenha libertado?
É muito simples, essas pessoas não adoravam o Deus
verdadeiro, cultuavam sim a si mesmas, cultuavam o “deus eu”. Em toda a sua
vida mantiveram – se fechadas em um círculo egocêntrico, por conseguinte não
cresceram. Nunca saíram de si mesmas. E, quando não há saída não há liberdade,
não existindo liberdade não existe amor e se não há amor, não há maturidade.
Matemos dentro de nós o “deus eu”, buscando e vivificando o
Deus verdadeiro, estabelecendo um questionamento entre vida e oração.
Quando nos libertamos do egocentrismo, das apropriações, da
divinização de nós mesmos, o Cristo vivo toma conta de nosso ser e aí então
como diz São João da Cruz, passamos a trilhar o caminho dos “nadas” isto é,
libertação e nudez absolutas, esvaziamento da alma para chegar a Deus e assim
estarmos livres para amar.
Luís Odilon Macedo Béles