sábado, 12 de abril de 2014






O GRITO DO POVO DE DEUS: HOSANA AO FILHO DE DAVI!
 




 


 A entrada de Jesus em Jerusalém marca o início de Sua paixão.  O povo, repetindo o acompanhar os caminhos do Mestre que tantas vezes fizeram, correu a colocar tapetes e a arrancar ramos com os quais O saudavam pelo caminho: “Hosana, bendito o que vem em nome do Senhor!” (Mc 11, 9b)

Em hebraico, a palavra hosana significa “por favor, salve-nos!”  Era isso que aquele povo sofrido gritava à passagem de Jesus, montado em um simples jumento.  O povo que pedia por sua salvação, reconhecia definitivamente naquele homem que passava o Salvador tão esperado, aquele que poderia libertá-lo do sofrimento e do jugo dos dominadores.

O Domingo de Ramos, que dá início às celebrações da Semana Santa, nos convida a saudar Jesus que chega para abraçar conosco nossas cruzes.  De que desejamos que Ele hoje nos salve?  Quais as dores que queremos colocar aos Seus pés?

A cruz de Jesus une definitivamente o velho ao novo: o povo que vê naquele homem a possibilidade de salvação será o depositário do mistério da ressurreição, da vida que supera a morte.  Somente pela cruz iremos alcançar a salvação: abraçando as nossas próprias cruzes, vivendo incondicionalmente a vida a que somos chamados, tornando novas todas as nossas afeições, transformando-as pelo olhar misericordioso do homem que segue seu caminho montado em um jumento, rumo à Jerusalém, onde tudo irá se cumprir.

Hosana, Jesus!  Por favor, salve-nos, Senhor!  Pelo mistério de sua cruz, pela oferta de sua vida, que possamos também oferecer as nossas a cada homem e mulher que cruzar nossos caminhos.  Unamos nossas vozes à voz de toda a humanidade que clama por um novo rei, o rei eterno que a todos recebe e que tem a justiça e a paz como graças perenes.

Sugestão de oração: Lc 19, 28-40.


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014




A caridade de Maria - Maria, mãe e mestra
             
                                     

“Deus é Amor” (Jo 4, 16)! E Maria que, na sua qualidade de Mãe, mais que qualquer outra simples criatura viveu junto de Deus e a Ele unida, também mais que qualquer outra foi repleta de Amor. Diz Santo Tomás: “Um ser, quanto mais se aproxima de seu princípio, tanto mais participa do seu efeito” (S.T. 111, 27, 5,3). Ela, que o Anjo saudou “cheia de graça” (Lc 1, 28), é também cheia de amor. Mas a plenitude de graça e de amor em que Maria foi constituída desde o princípio não a dispensou do exercício ativo e assíduo da caridade, como de todas as outras virtudes. Assim apresenta o Concílio quando afirma: “A Bem-aventurada Virgem... cooperou de modo inteiramente singular na obra do Salvador, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade” (LG 61); e repetidas vezes a indica como particular modelo de caridade.
Para Maria foi esta vida, como o é para todos nós, o “caminho” em que devia sempre progredir no amor. Também a ela foi pedida correspondência pessoal à graça. E o grande mérito de Maria foi exatamente o de ter correspondido, com a máxima fidelidade, aos imensos dons recebidos. Certamente, os privilégios da sua conceição imaculada, do estado de santidade em que nasceu e da sua maternidade divina foram puros dons de Deus. Todavia, longe de recebê-los passivamente, como recebe o cofre objetos preciosos, acolheu Maria tais dons como pessoa livre, capaz de aderir com a própria vontade aos favores divinos, mediante plena correspondência à graça.
Diz Santo Tomás que, se Maria não pôde merecer a encarnação do Verbo, porém, mediante a graça recebida, mereceu aquele grau de santidade que a tornou digna Mãe de Deus (S.T. 111, 2, 11, 3) e o mereceu justamente por sua livre correspondência à graça. Maria é, no pleno sentido da palavra, a “Virgem fiel” que soube fazer render cem por um os talentos recebidos de Deus. A plenitude de graças concedidas por Deus, corresponde a plenitude de sua fidelidade.
 “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com todo a tua alma, com todas as tuas forças e com toda a tua mente” (Lc 10,27). O mandamento do Senhor tem plena realização em Maria que sendo perfeitamente humilde, e, portanto, totalmente vazia de si, livre de todo o egoísmo e de todo o apego às criaturas, pode realmente empenhar suas forças todas no amor de Deus.
Mostra-a o Evangelho sempre inclinada para o Senhor. A vontade divina, mesmo quando obscura e misteriosa, encontra-a sempre pronta, com plena submissão. O “Fiat” pronunciado na Anunciação é a atitude constante de seu coração todo consagrado ao Amor (LG 62). A pobreza de Belém, a fuga para o Egito, a vida humilde e trabalhosa de Nazaré, a partida de Jesus para a vida apostólica, a solidão em que permanece, O ódio e as lutas que se desencadeiam contra o Filho, o doloroso caminho do Calvário, são outras tantas etapas da sua caridade que continuamente aceita e se doa, empenhando-a sempre mais intensamente na missão de “sublime Mãe do divino Redentor, companheira generosa, totalmente singular, e humilde serva do Senhor” (LG 61).
Maria vive sua maternidade divina em ato de incessante adesão, à vontade do Pai e à missão de seu filho, não conhece hesitações ou reservas, nada pede para si. Certo dia, quando desejava vê-Lo e falar-lhe, ouviu-O dizer: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?... Todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, e minha irmã e mãe” (Mt 12, 48.50). Maria acolheu em seu coração a austera resposta e, com maior amor que antes, continuou a viver a vontade divina que lhe pedia tanta renúncia.
Sacrificando a alegria legítima e santa de gozar do filho, estava duplamente a ele unida porque fundida com ele no único ato de oblação à vontade do Pai. Assim ensina Nossa Senhora que o verdadeiro amor, a autêntica união com Deus não está nas consolações espirituais, mas na perfeita conformidade com a vontade divina.
Fonte: Eduardo Rocha Quintella, Fraternidade S. J. da Cruz OCDS-BH