quarta-feira, 9 de maio de 2012

O garoto e o mar

O garoto e o mar


                              



Antônio um menino de oito anos de idade vivia na zona rural de uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul com seu pai agricultor. Era uma criança muito esperta e inteligente. Seu grande sonho era conhecer o mar, pedia sempre ao pai para um dia levá-lo à praia do Cassino para ver o mar.
Certa manhã de um belo dia de verão, o menino alimentava as galinhas no terreiro da casa quando seu pai o chamou: “Venha meu filho vamos sair, o menino todo feliz perguntou aonde iriam e ele respondeu que era surpresa. Preparam-se e partiram.
O garoto estava ansioso para saber a que lugar estava indo. Quando chegaram à emoção tomou conta de Antônio, que alegria! Estavam na praia, no Cassino e iria realizar o seu grande sonho de conhecer o mar. Antônio soltou a mão do pai, tirou as sandálias e saiu correndo descalço enterrando seus pequenos pezinhos naquelas areias brancas e de repente parou, os olhos arregalados! Boquiaberto! E assim permaneceu durante algum tempo maravilhado, fascinado como se tivesse enfeitiçado com o que estava vendo pela primeira vez, a beleza e imensidão do mar. Seu pai ficou a observá-lo de longe contagiado pela emoção do filho, depois se aproximo do menino e perguntou: “Então filho o que achastes da surpresa?” E Antônio chorando de emoção nada respondeu, simplesmente beijou-lhe carinhosamente as mãos.
Passou o dia inteiro na praia, tomou banho de mar, jogou bola na areia, correu e fartou-se de tanto brincar como qualquer criança da sua idade.
Ao anoitecer seu Pedro, pai de Antônio esse era seu nome, convidou-o para irem embora, mas ele pediu para que o deixasse ficar um pouco mais, pois queria ver o mar a noite, seu pai permitiu, o menino aproximou-se da orla da praia e sentou-se na areia e ficou olhando a escuridão do mar com suas imensas ondas que ao quebrarem-se na praia iluminadas pela luz do luar parecia espalhar cacos de prata para todos os lados.
Muito distante dali surgiu um barco e Antônio ao vê-lo pensou: “Aquele barco está tão longe que suas luzes parecem com pontinhos vermelhos no negro céu. O marinheiro que lá está deve estar tentando encontrar o paraíso que dizem existir além do horizonte que bobo que ele é, se o paraíso é aqui!”  
Antônio levantou-se foi até o pai e falou que agora sim poderiam ir embora e foram felizes para casa. Ao chegarem à casa a noite, Antônio viu em cima da mesinha da sala ao lado do abajur de luz um velho e surrado livro que continha a ilustração de uma paisagem e um oceano e era a beleza dessa gravura que despertava em Antônio o desejo de conhecer o mar, mas depois de ter o sonho realizado ele nunca mais pegou o livro e o livro permaneceu lá em cima da mezinha junto ao abajur.
Os anos foram passando e Antônio cresceu e se tornou um homem honesto, forte e trabalhador. Seu pai envelheceu, os cabelos branquearam e a pele enrugou, mas o amor e o carinho entre ambos não mudou continuou o mesmo sem nunca terem-se separado. Até que Antônio decidiu mudar-se para a cidade a fim de trabalhar e prosseguir seus estudos, mas não queria afastar-se do pai. Certa noite enquanto esperavam pelo jantar, Antônio falou da decisão a seu pai e colocou-lhe também o desejo de não afastar-se dele e pediu-lhe que o acompanhasse que os dois fossem morar juntos na cidade. O velho Pedro levou um choque, mas recuperou-se logo e explicou ao filho que não poderia acompanhá-lo, pois estava com muita idade, havia nascido e crescido na roça e não conseguiria viver na cidade grande sem trabalhar a terra, cuidar das galinhas, ordenhar as vacas, etc., porém compreendia também que não poderia atrapalhar-lhe a vida e disse a Antônio que seguisse seu destino e ele ficaria bem ali na roça em companhia da empregada.
Num dia de primavera seu Pedro e Antônio passeavam pela propriedade quando começou a cair uma chuva fina. Antônio viajaria no dia seguinte e não sabia, mas aquele seria o último passeio que faria em companhia de seu pai amado e aquela chuvinha era a natureza que chorava porque não mais veria o velho Pedro e nem o menino que ali nasceu e cresceu.
No dia seguinte Antônio e seu Pedro almoçavam juntos no restaurante da estação ferroviária, estavam os dois com seus corações apertados acreditavam ser pela separação, pois Antônio partiria no trem das quatorze horas. O trem chegou pai e filho e se despediram com olhos cheios de lágrimas num longo e apertado abraço, o filho repetiu o gesto de anos atrás quando levado para conhecer o mar, beijou longamente aquelas calejadas e agora enrugadas mãos, embarcou e o trem partiu. Seu Pedro ficou olhando aquele trem com seus vagões vermelhos que passava pela ponte de pedra e arquitetura delicada. E Antônio observava pela janela o rio onde passou a infância banhando-se e pescando naquelas águas que corriam sob a ponte e ao olhar a distância via pequenos pontos que eram as casas da cidadezinha amada.
Chegando a capital Antônio foi morar em uma pensão para jovens estudantes localizada no centro da cidade e a primeira atitude que tomou foi escrever ao pai mandando seu endereço e pedindo notícias, mas quem lhe respondeu foi Maria, a empregada, dando-lhe a notícia de que seu Pedro havia falecido de ataque cardíaco no dia de sua partida. Só então Antônio pode entender o porquê do aperto que sentia no peito enquanto almoçavam no dia da partida e chorando muito a morte do pai, jurou que nunca mais retornaria a sua terra natal. Mas, sempre que estivesse com muita saudade do pai iria à praia e lá se alegraria olhando o mar e recordando os bons tempos de sua infância.
Amigos, este é um conto de minha autoria gostaria que vocês lessem e comentassem com toda a sinceridade.
                                                                                              Luís Odilon Macedo Béles

2 comentários:

  1. Você é escritor? Se não é está perdendo muito tempo de brilhar! Esse texto é muito lindo, passa pra gente uma vontade de nunca desistir de um sonho, de sempre lutar pelo oque acreditamos e principalmente de saber esperar, por que se é pra ser será! No inicio só alegria, no meio um clima tenso, e no fim o velho pai do menino acaba falecendo, mas a história ficou muito boa. =)

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  2. Lindo!!!! Simplesmente lindo!!!Parabéns, Deus te abençoe sempre!!!

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